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Então, Rumo ao FUTURO CERTO?

Não é assim que se alicerça a dignidade da pátria. A justiça social e uma redistribuição equitativa da riqueza, que promovem condições de vida decentes para todos os cidadãos, são tímidas nas "preocupações" centrais do Estado.

E sem resolvermos esta preocupação, a esperança encolhe na certeza de que a auto-estima do seu povo é posta em causa todos os dias. É que a pátria 'desacontece' a cada vez que a dignidade de um cidadão é desconstruída.

Está na Internet um vídeo, com grande qualidade técnica, de "sensibilização" para os jovens angolanos, da cantora Ary, cuja música nos diz que "Estamos perante uma tempestade" e "haverá muitos mais cortes", "habituamo-nos à abundância" e "nunca pensamos em contenções" "agora caímos na realidade" "é tempo de darmos as mãos, para os projectos andarem, e os jovens incentivarem". Todos temos consciência da gravidade da actual situação económica. Mas a pergunta que se coloca é: quem é que vive na Abundância e ficou habituado a ela? Abundância para a maioria dos jovens só se for pela negativa.

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Guardei-me, para memória futura dos meus filhos!

Não limpei o disco duro porque não tenho qualquer dívida com a legalidade. Mas guardei-me para a memória futura dos meus filhos e daqueles que me amam, se por acaso a morte me encontrar sem aviso prévio, como nos encontram as rusgas e os "mandatos que vasculham evidências" que violam a vida e a dignidade das pessoas, mesmo quando não são prova de coisa nenhuma.

Guardei a poesia revolucionária de amados nacionalistas angolanos que nos conduziram à independência, que contêm verdadeiras e actuais lições sobre como defender a pátria de todas as injustiças, fruto do sacrifício do tempo em que tiveram que suportar a perseguição, a humilhação, a dor da prisão e o som do chicote sempre presente na mão de gente que não temia a Deus, nem vertia lágrimas por nenhuma atrocidade. Guardei-a porque são relíquias históricas, pois temo que, com o andar da carruagem, um dia seja proibida a sua leitura, se "alguém" considerar que, afinal, podem dar "ideias alargadas" a quem já não espere mais nada desta vida. Guardei o Hino Nacional, a "pátria unida, liberdade, um só povo e uma só nação" que exalta a conquista da liberdade dos povos, de todos os povos oprimidos, e nos diz que "orgulhosos lutaremos pela paz", porque não tenho a certeza se nos dias que correm continuará a ser benquisto por conter expressões como "Angola avante, revolução, pelo poder popular".

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Anemia Falciforme - Uma dor ignorada pelo OGE - O primeiro passo para a Cidadania é o TESTE DO PEZINHO!

Este meio de diagnóstico tem de se tornar uma prioridade nacional.

É um direito que todas as crianças devem ter à nascença, para poder crescer com qualidade de vida e sobrevida. Por ser um recurso de diagnóstico precoce para a Anemia Falciforme (entre muitas outras doenças), e tendo em conta a gravidade que ela representa para a Saúde Pública Nacional, é imprescindível que sejam desenvolvidos programas de rastreio angolano integrados. Neste momento, apenas existe 'Teste do Pezinho' em Luanda e em Cabinda.

Temos de fazer que se estenda a todas as províncias e que, de forma gratuita, se cumpra o objectivo de detectar, de maneira precoce, esta doença incapacitante que provoca grande sofrimento e que, sem a devida assistência, diminui para menos de 50% a sobrevivência até à adolescência, calculando-se que, no nosso continente, mais de metade das crianças afectadas, provavelmente, vai morrer antes dos 5 anos. Muitas destas mortes ocorrem antes do diagnóstico da Anemia Falciforme ser feito. Todos os dias, há datas comemorativas sobre qualquer coisa e, com isso, a oportunidade acrescida para chamar à atenção para causas que merecem o nosso respeito. É o caso do 19 de Junho, que comemora o 'Dia Internacional da Anemia Falciforme'. A Anemia Falciforme é um problema nosso e uma causa para todos, pois há que ter consciência de que ela afecta mais de 4 milhões de cidadãos angolanos. Uma doença hereditária e silenciosa que precisa de ganhar visibilidade e protecção orçamental, tendo em conta que se estima que um em cada cinco angolanos são afectados, entre portadores e doentes. É uma doença para toda a vida, com um enorme impacto socioeconómico e na qualidade de vida de todas as pessoas afectadas.

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Afinal, somos ou não somos um país democrático?

A cobardia de qualquer governação instala-se quando quem tem poder para fazer bem prefere ignorar um povo inteiro, apenas por obediência ao brilho das suas penas, a cada elogio sem fundamento.

Quando se aplaude a prepotência, a incompetência e a mentira, enfraquecemos a democracia. Temos políticos fora de prazo que não perceberam, ainda, que o estado da nossa Democracia é deprimente. Temos um Estado musculado, sem diálogo e sem respeito pela opinião dos outros. Um Estado surdo, ineficaz e que está a perder a razão. As detenções sistemáticas são um absurdo.

Um povo que vota tem a obrigação de exigir que as promessas se cumpram. Tem o dever de fiscalizar quando a governação não o inclui. As manifestações de protesto que fazem referência a uma gestão danosa dos interesses da maioria da população (a exemplo de Cabinda) exigem espaço para serem ouvidas por parte de quem tem o mandato para nos representar. O Índice de Liberdade é um dos principais elementos a ter em conta quando avaliamos quão democrático é um país. Temos que ser capazes de garantir que os cidadãos olhem para a administração do Estado, em todas as suas formas, e se sintam parceiros e não inimigos, tendo em conta que o Estado somos todos nós. Em Democracia não podemos ser considerados perversos, más pessoas, apenas porque a nossa opinião é diferente, não converge.

De repente todo aquele que não concorda fica sem espaço, passa a meter medo, é classificado como "inimigo da Paz" e passa a fazer parte de um "programa de monitoria dos insubordinados". Urge reconsiderar o termo "agitadores sociais". Não somos delinquentes, mas não temos como aceitar alguns dirigentes (gastrocefalos porque pensam com o estômago) que exercem uma governação cujo ponto de partida e de chegada é o seu umbigo.

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KALAF - “O angolano que comprou Lisboa (por metade do preço)”

Mais poeta do que cantor, como ele se sente, rapidamente desistiu de estudar números e decidiu reflectir sobre o presente.Kalaf funda os Buraka Som Sistema e foi a partir daqui que passou a ver Lisboa de uma outra forma. Kalaf Epalanga, nascido em Benguela, para onde regressa a cada domingo pela mão de um Calulu, vive em Lisboa há 20 anos. Na bagagem levou, apenas, 17 anos e a preocupação dos pais pela busca de um futuro com melhores perspectivas, fora de um tempo castrado pela guerra.

Mais poeta do que cantor, como ele se sente, rapidamente desistiu de estudar números e decidiu reflectir sobre o presente. Kalaf funda os Buraka Som Sistema e foi a partir daqui que passou a ver Lisboa de uma outra forma. Uma Lisboa mestiça, primeiro moura, depois africana, depois de todos os portos do mundo, que abraça a Kizomba como uma parte de si, considerando, por isso, a pertinência da criação de um Museu da Kizomba, em Lisboa, que entre outros motivos seria excelente para aligeirar as tensões entre Luanda e Lisboa. O objectivo, segundo Kalaf, seria tarraxarmos os valores culturais que unem os diferentes povos da comunidade que fala, canta e sonha em português.

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As vítimas também são nossos filhos!

Todos os dias os órgãos de comunicação social desmontam mais um drama, de assédio sexual numa escola, de um motorista de colégio que viola uma aluna, de um padrasto que seguiu a crença e as promessas de cura de um feiticeiro e violou, durante meses, o seu enteado de seis anos, dos dois irmãos que com um amigo violam a sua irmã, bebé de três anos, que acabou por morrer. São deprimentes os relatos que ouvimos todos os dias acerca de assédio e abusos sexuais contra crianças.

Do alto na nossa indiferença colectiva, lamentamos à distância, na certeza de que este tipo de situações apenas acontece aos filhos dos outros, mas a cada dia a distância encurta e de repente já é a filha de uma amiga, o sobrinho de um funcionário, a nossa afilhada, mas, no interior dos nossos corações, temos a certeza de que os nossos filhos estão salvos. Será que os filhos das constantes violações não são nossos filhos também?

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