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As Mães da OMA

Há mínimos olímpicos abaixo dos quais as pessoas e as coisas perdem o sentido. E "quando os sentidos nos falham, a razão tem que intervir" como disse Arquimedes.

Ao aceitar fazer o papel que fez, para abortar a manifestação das Mães dos jovens activistas presos, a OMA retirou-se do objectivo da sua organização. É que não podemos estar disponíveis para todos os papéis, por maiores que sejam a fidelidade ou a recompensa.

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Quem é que quer "o regresso à GUERRA"?

Eu acreditei sinceramente que o Acordo de Luena tinha levado a guerra para tão longe, que NUNCA mais iríamos sequer ouvir falar dela.

Acreditei que, depois daquele aperto do abraço, partilhado pelas chefias militares, o ódio fosse exorcizado e um novo dia começasse para uma nova Angola. E ainda hoje acredito que o efeito mais profundo deste acordo foi a transformação de inimigos de guerra em adversários políticos, pois só entre adversários podia existir uma convivência politicamente saudável, e a paz seria para sempre.

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Os culpados somos nós?

Somos culpados por sermos economicamente analfabetos e não conseguirmos entender as sábias palavras do senhor governador do BNA, quando fala da crise, que afinal "não estamos com ela", e informa-nos que "nem toda a procura de divisas é legítima", concluindo que, "quando tivermos procura legítima, não vai haver falta de divisas", disse em notícia saída no JA, durante a visita à FILDA, não obstante o acesso às moedas estrangeiras estar tipificado pelo próprio BNA e, por isso, não entendermos a 'ilicitude'.

Somos culpados por termos perdido a paciência para continuar a reconhecer que o lixo que inunda as nossas cidades, com particular atenção para Luanda, não decorre da falta de empenho dos Governos Provinciais, nem do facto do "lixo ser um excelente negócio", mas sim por se tratar de uma tarefa gigantesca que apenas 13 anos de paz ainda não houve tempo para encontrar a melhor solução, pelo facto dos "angolanos produzirem muito lixo" (como disse um responsável da Elisal) e por isso só os mal intencionados olham para este problema de forma crítica, ainda que os mesmos 13 anos tenham suficientes para criar uma elite milionária.

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Onde está o MPLA?

Fui educada na convicção de que as pessoas podem mudar, mas conservam, lá no fundo, o melhor que têm, por mais ténue que seja a manifestação desta evidência. E é com base na lembrança destas palavras da minha mãe que dou por mim a perguntar: Onde está o MPLA?

Faço esta pergunta, não como uma provocação, nem como uma tentativa de perturbar a ordem constitucional, mas porque é o partido que governa o nosso país. A pergunta é feita pela preocupação de quem vê um projecto que já foi grandioso a afundar-se pela ausência de uma consciência que fosse capaz de devolver a este partido a nobreza com que se fez nascer.

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Habemos Sonangol?

De repente, aquilo que acontecia de forma doméstica foi exposto ao público na confirmação da análise de um Relatório Interno, relacionado com o Resgate da Eficiência Empresarial, apresentado pelo presidente do Conselho de Administração da Sonangol, e que, misteriosamente, foi parar à imprensa. Neste documento, foram identificadas causas de constrangimento de gestão da mesma empresa e foi dada a informação de que, tendo em conta o "actual modelo de gestão" e sem a intervenção de uma estratégia, a petrolífera corria sérios riscos de uma falência técnica.

Esta notícia fez um ruído imenso em todas as latitudes, sobretudo num momento em que Angola atravessa um período mais do que crítico no que à sua viabilidade económica diga respeito.

Sem ter dado tempo suficiente para a sua digestão, eis que somos surpreendidos com uma posição pública do presidente da Sonangol, que ocorreu com direito a uma conferência de imprensa, desmentindo o cenário de "maledicência da opinião pública", prestando informações detalhadas sobre a saúde financeira da empresa. Sem pretender, de modo nenhum, desmentir o desmentido, fiquei com imensas dúvidas acerca do "actual modelo de gestão", o tal que estaria na origem dos enegrecidos constrangimentos.

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A pátria não acontece, constrói-se!

A falta de patriotismo de todos aqueles servidores públicos que 'colocaram' o 'seu dinheiro' a salvo noutros países, no tempo da bonança de todas as vacas gordas, sem que qualquer imposto taxasse as 'suas fortunas', é demonstrativa da ausência de confiança na economia nacional e constitui, ao mesmo tempo, factor de insegurança nacional.

A comemorarmos, este ano, o 40º aniversário da Independência Nacional olho para a nossa história, felicitando todas as lutas que foram travadas para que fossemos soberanos e respeitados, agradecendo a todos os cidadãos conhecidos e desconhecidos, que no mais simples gesto, permitiram que um ciclo confrangedor terminasse e ganhássemos um país.

Mas não posso deixar de lamentar os desencontros que ainda subsistem, a ausência de diálogo, a intolerância à liberdade e a morte de pessoas inocentes que tal como os nossos pais e avós, no tempo em que o país ainda não era nosso, apenas reclamavam aquilo que entendiam ser válido para a dignidade humana. Assistimos, após a Independência, ao enfraquecimento de um orgulho genuinamente nacional. Deixamos de ser, antes de qualquer outra coisa, angolanos. Primeiro somos do MPLA ou da UNITA, depois somos do norte ou do sul, depois somos do Petro ou do d´Agosto, negros ou mulatos, católicos ou evangélicos e só no fim, somos Angolanos. E no meio deste enorme desencontro nunca defendemos, à excepção da paz, uma outra causa que se fosse universal, que fosse de Todos. É claro que muitas vezes isto só não acontece porque entre nós tudo é demasiado politizado, tudo tem que ser enquadrado dentro do parâmetro do elogio e das benesses e raramente em nome apenas da Causa.

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