NÃO vamos “lhes” votar, eles mentem feio!
NÃO vamos “lhes” votar, eles mentem feio! E quando crescermos, vamos dizer NÃO!
NÃO somos frustrados, descartáveis, ranhosos e sem futuro.
NÃO queremos escola que não tem casa de banho e nós temos que fazer necessidade no fundo do recreio, ao lado do professor, mesmo depois do director ter escrito “Proibido Mijar”!
NÃO aos dias em que vamos dormir só com chá de capim e ouvimos a mãe a chorar porque lhe receberam a bacia da zunga nos fiscais da administração.NÃO suportamos mais o cheiro do cocó que entra na nossa casa podre, porque vivemos de esmola e temos que morar na vala da fossa.
NÃO merecemos a hipocrisia do dia da criança, onde nos levam na televisão e pensam que camisola e balão chegam para provar que somos uma prioridade.
NÃO podemos mais ver nossos irmãos morrerem de doença diarreica, porque brincamos em cima do lixo.
NÃO queremos que os nossos filhos sofram como nós estamos a sofrer, por isso vamos construir um país para eles.
NÃO vamos mais continuar a aceitar que existam duas Angolas: a dos ricos, onde vivem alguns e a dos pobres, onde vive a maioria do povo que só serve para votar.
NÃO vamos mais nessas festas espontâneas fingidas, onde dão cerveja que faz mal nas crianças, para ouvir discurso de pessoas que nunca nas suas vidas vão nos olhar com amor.
Estamos a ir atravessar a fronteira e vamos viver na Namíbia, porque lá os dengues pobres vão na escola com uniforme. Vamos pedir para alguém nos adoptar porque queremos ser alguém nesta vida.
E um dia, quando voltarmos, já grandes e com um diploma da universidade, que não vamos comprar, podemos dizer que Não precisamos mais de políticos Egoístas e sem Fé.
(Em Homenagem a todas as crianças angolanas que a Constituição da República de Angola esquece todos os dias)
Marcações: infância, doença, pobreza, criança, educação, voto