blog2



A falência do caminho de ferro

Governo angolano demora dois anos a avaliar um mau investimento?

Foi tornado público que o Caminho de Ferro de Luanda está falido e que quem de direito está a estudar a sua privatização. De recordar que o Estado investiu nesta empresa três mil milhões de USD e três anos depois de ter sido reiniciado o seu funcionamento dizem-nos que, afinal, a empresa não tem capacidade para continuar, tendo em conta que os seus custos operacionais são equivalentes a duzentos e cinquenta milhões de Kwanzas, o subsídio do Estado é de cento e dois milhões de Kwanzas e apenas tem como rendimento vinte e cinco milhões de kwanzas. Não precisamos de ser economistas para perceber esta aritmética primária, pois não?

As questões que se colocam aqui são as seguintes:


1º- Não foi feito, pelos vistos, nenhum estudo de viabilidade económica deste investimento e os proponentes decidiram fazer copy paste da linha colonial esquecendo-se que 50 anos depois poderia não fazer qualquer sentido, como ficou provado que peca por insuficiência em todos os sentidos.

2º- Esta crise apenas demonstra quão negligente é o Estado angolano nas suas opções e é apenas depois de aferida a sua falência que vem dizem que está preocupado e a trabalhar para resolver esta situação. COMO??? Se há dois anos o anterior PCA dos CFL falou da inviabilidade da empresa, porque razão é que o governo só agora está a analisar? Será que o governo angolano demora dois anos para avaliar um mau investimento?

3º- Também é informação pública que é provável a privatização dos CFL. 
Tendo pecado por ausência de trabalho de casa, este brutal investimento não pode ser privatizado sem que alguém seja responsabilizado. E por suposto já estará decidido qual será o grupo de milionários "alavancadores da economia nacional invisível" que será o feliz beneficiado. 

De recordar que os três caminhos de ferro de Angola foram dos mais beneficiados do investimento da reconstrução nacional das infraestruturas de Angola, através da linha de crédito da China.

É que o Estado somos todos nós e enquanto cidadãos contribuintes e eleitores não ficamos nada satisfeitos se as opções que fazem em nosso nome redundam num tremendo fracasso e muito menos se esse fracasso custa TRÊS MIL MILHÕES de USD, quando somos confrontados com a informação de que neste momento existem cerca de 34 mil crianças seropositivas em Angola e destas apenas 5 mil recebem tratamento. 

Viva o petróleo angolano!!!!

Marcações: comboios angola, caminho ferro, luanda