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Meus filhos e a Paz assim é quando?

É que neste ano novo, eu queria ter um pouco de paz. Queria ter um médico que me tirasse as dores. Queria ter uma cama porque na minha idade é doloroso dormir na esteira. Gostava muito de poder ver o mar antes de morrer porque estou a ficar cego, são as cataratas. Queria acreditar que os meus filhos têm orgulho em mim, porque eu fiz parte do grupo dos verdadeiros nacionalistas, apesar da miséria em que vivo. Mas não os vejo faz tantos anos! 

3Eu não sei muito de política nem de contas, mas sei que tenho frio, passo fome e não tenho mais nada a não ser esta palhota. Gostava de poder partir já, porque estou sozinho e já não faço diferença morto ou vivo. Mas antes de partir gostava de vos pedir, meus filhos, que olhem à vossa volta e digam sinceramente se estão orgulhosos do vosso trabalho. 

Façam de conta que hoje é o vosso último dia nesta terra de Deus. E por isso é-vos dada a oportunidade de serem honestos. Acredito que a maioria está desapontada, porque os dirigentes ricos, afinal, que gastaram o dinheiro que devia construir um país, nas suas próprias casas, hoje também não têm um hospital para se tratarem e têm que ir no país do colono. Afinal a escola não presta e os seus filhos vão estudar na terra de Sua Majestade. E afinal não conseguiram resolver os problemas do povo como o mais velho Neto lhes tinha mandado e nos tinha prometido.

Meus filhos, a paz que vocês nos oferecem não é paz. É só ausência de guerra. Mas dormir sem esperança doí, andar descalço é humilhante e passar fome num país que tem milionários e vende petróleo é um crime.
Por isso, antes de me ir embora peço-vos que olhem bem para a herança que estão a deixar aos vossos queridos filhos. Porque um dia quando a fome apertar e se tornar uma mágoa, os netos do poder popular vão cobrar a comida nos vossos filhos, porque afinal quem recebe sem razão, devolve de forma triste.

Que Deus vos ilumine e permita que neste ano novo comecem a falar com o coração, deixem lá as teorias que essas já não nos convencem! 
(Mais Velho Sem Nada Para Dar)

Marcações: povo, solidariedade, paz, politica