O direito ao contraditório está assegurado

Este é o título de uma noticia que saiu no Jornal de Angola do dia 17 de Novembro de 2013, quando o Senhor Ministro da Comunicação Social esteve na discussão na especialidade que analisou o OGE de 2014, e esta afirmação foi feita pelo Senhor Ministro aos Deputados na Assembleia Nacional informando que os órgãos de comunicação social públicos têm programas de debate onde é respeitado o Direito ao Contraditório, a exemplo dos conteúdos da TPA.

Senhor Ministro, com o devido respeito, tenho que discordar. Na TPA os comentaristas de serviço são sempre os mesmos e defendem sempre apenas um lado da questão em todos os "debates". Nunca foi feito um programa na TPA sobre os problemas do país que fosse plural, com integrantes da oposição política e social, com jornalistas não alinhados, com escritores respeitados e que têm opiniões pertinentes, com académicos que têm soluções para a maioria dos fracassados programas existentes e com representantes da sociedade civil que não se esgota nos movimentos espontâneos e contra uma guerra que ninguém quer por isso não se compreende a sua defesa pela paz que veio para ficar, salvo se não nos estiverem a dizer a verdade.

Quanto ao Jornal de Angola só vemos artigos de opinião favoráveis, onde se vende uma Angola que está sempre de parabéns e todas as análises feitas pelo seu Director pecam por insuficiência de isenção e por excesso de puxa-saquismo.

A TPA e o JA são espaços onde existe um contraditório atípico: um acusa e o outro está em casa a defender- se porque a parte referida nunca tem espaço que a defenda de todas as manipulações que nos oferecem.

O povo angolano cresceu e pode estar a viver com a barriga colada às costa por causa da fome, mas tem opinião e reconhece quem mente. Os intelectuais não são surdos e fazem falta para a construção de uma pátria inclusiva. Os jovens estão conscientes de que não se está a distribuir a riqueza equitativamente.

Será, de facto, um grande dia quando a comunicação social estatal deixar de ser instrumentalizada, abusivamente colada ao partido no poder, porque nesse dia recuperará quer a deontologia quer o respeito dos cidadãos eleitores e contribuintes.

Por isso, Senhor Ministro, não é verdade que exista contraditório.