KALUCINGA (Cerimónia de Apresentação)

Hoje despeço-me de Azarado e desejo-lhe um resto de vida muito feliz. Hoje ele vai tornar-se um Herói, vai conquistar o mundo e dizer-me adeus. Já não poderei influenciar a vida dele e já sinto saudade dos momentos em que partilhamos tudo, dos castelos que conquistámos e das lágrimas que nos caíram e não foram em vão.
Durante quase 15 anos andei com ele ao colo, curei-lhe as feridas que tinha no coração, aliviei a sua saudade e dei-lhe o meu Amor incondicional.
Estou feliz porque este MENINO SEM RUA, que nunca se tinha mostrado ao mundo, vai ser vosso a partir de hoje.
Continuem a vê-lo em cada criança que vos pedir ajuda, continuem a mima-lo em cada criança que andar descalça e ainda não tiver um país.
Vejam nele um exemplo de tenacidade de quem nunca perdeu o compromisso com a vida e decidiu aos 12 anos que "só morreria depois de ter contribuído para deixar o mundo melhor".
Hoje estou aqui com um nó na garganta e em frente a todos vocês, uma multidão, num momento só meu e sinto imensa pena por não ter poder trazer daquele Lugar para onde vão os que partem, a minha mãe e o meu pai, porque lhes devo tudo o que sou e o que não sou devo a mim própria. Tanta coisa que eles não que viram, os meus filhos a crescerem, as minhas lágrimas, as minhas vitórias. Só espero que continuem a orgulhar-se de mim.
Afinal a Alexandra que tem tanta confiança em si quando defende o mundo, não é uma NINJA e peço desculpa por isso. Marion, afinal eu também sou uma “Frod”, um pão com manteiga derretida que se entorna sem que consiga evitar.
As palavras são o único sítio onde podemos guardar sentimentos de forma eterna. E este livro é testemunha de muitos desses estados de alma que por egoísmo sempre foram só meus.
Gostaria de Agradecer ao Jacques Arlindo dos Santos que foi o primeiro a ler este "atrevimento", que na altura era apenas uma “Grande Lata”, foi à 12 anos, lembras-te Jacques é que foi aqui, neste mesmo sítio sentados lado a lado e tu disseste, “Vai lá amadurecer isto e depois volta”. Fiquei triste, mas como sou teimosa decidi enfrentar-te e fui para casa fazer os deveres. E no ano passado, no enterro do teu irmão e nosso Amigo Aguiar dos Santos, perguntaste-me – E então o teu livro? E eu respondi – Está lá pronto na prateleira. E tu perguntaste e o fim é o mesmo e eu disse que sim. Pediste-me que trouxesse o livro e eu fiz isso. E um mês depois ligaste para mim e disseste: - Olha isto vai ser impresso, ouviste, tens que vir cá, e eu vim. E Kalucinga está aqui. Obrigada Jacques tou aqui, pelos bafos de Velho que me deste com carinho, obrigada por nos unires pela cultura e por teres sido responsável pelos 25 anos da Associação Chá de Caxinde de que me orgulho de ser sócia e que é a mais importante instituição de cultura da sociedade civil. Conquistas-te o direito ao Estatuto de Utilidade pública. Bem Hajas.
À Nova Imagem, Rute Almeida e Tozé Martins e as ideias do Carlos, obrigada por fazerem o favor de serem meus Amigos. Quando perceberam que as receitas do Livro iam ser doadas para Campanhas de Educação sobre a Anemia falciforme, não aceitaram que lhes pagasse todo o trabalho de marketing e de imagem que este lançamento exigiu. Monguinha e Martins amo-vos muito, e não é pelas quebras, é pela vossa integridade, obrigada.
Ao Luís Fernando, Presidente da Associação de Doentes de Anemia Falciforme, que aqui está e a quem estou agradecida por me ter aberto os meus olhos para uma realidade tão dramática como é a Anemia falciforme, que afeta milhões de adultos e crianças e que o fez dividindo comigo o drama da sua eterna Bruna. Bem-haja Luís Fernando. Vamos organizar os exércitos e desencadear a ofensiva.
Ao meu Amigo, REGINALDO SILVA de quem sempre recebi apoio e carinho e algumas chamadas de atenção, das quais sou imensamente grata, por ter aceitado associar-se a este momento, mesmo antes de ter lido o livro, corajoso? Sim, ele é corajoso e independente e sabe que eu nunca poderia deixa-lo mal. Obrigada, Reginaldo pelos conselhos, pela amizade incondicional, pela tua perspectiva deste mundo que muito nos influencia e por podermos beber da tua essência de imbondeiro que parte mas não verga. Bem Hajas do fundo do meu coração.
A todos os amigos físicos e digitais que me empurram para um sítio sem recuo e por isso hoje estou aqui, um abraço com tudo de bom e cheia de alegria por saber que sou uma pessoa cheia de sorte nesta vida e aos meus amigos devo essa felicidade.
Queria, por fim, agradecer ao meu marido, José Silva, aos meus filhos, Fredericos, Miguel, Henrique por nunca me incomodaram quando estou a escrever, por me darem liberdade para ser e poder sonhar e por me apoiarem em tudo o que me meto, mesmo em detrimento do tempo que lhes dedico. Amo-vos Muito.
E vou terminar porque já comecei a ganhar folego e se não me calo, sigo para BINGO.
Obrigada